Humildade e Altruísmo ( Parte 2)

Venho aqui hoje trazer a segunda parte do pensamento sobre a relação do texto passado, sendo este com os antônimos da comparação que fizemos antes. Hoje portanto, quero trazer a relação sobre o altruísmo e humildade.
Já adianto que minhas perspectivas não serão muito otimistas, já que questiono inclusive a ideia de altruísmo tal como ela nos é transmitida. Fiz uma pequena provocação a respeito no texto passado ao dizer que até no altruísmo há certo egoísmos já que isso parte de nós mesmos e que, ao meu ver, não implica somente em um benefício ao outro, mas também uma satisfação de si mesmo (seja por meio do apreço dos que estão ao seu redor, seja por sua auto alimentação da ideia de ser bom).
A etimologia da palavra e semântica com ela carregada nos engana pois se trata de uma definição muito superficial do que realmente isso seria. Então, não acho que isso fique tão evidente quanto a relação passada, sendo portanto, um tema muito complexo e que não me cabe a explicação, mas apenas um levantamento de uma opinião pessoal. 
Acredito que a ideia de altruísmo exatamente como nos é descrita da sua definição é algo utópico e inatingível visto que há em algum instante um retorno pessoal (seja material, social ou psíquico). Aqui retorno ao ao caráter solitário que temos, caráter este que não se desenvolveu dadas as dificuldades de sobrevivência que enfrentamos desde o início e que ainda passamos.
Então há sempre um retorno social quando o ato é presenciado por outros membros, reconhecimento este como manifestação do egoísmo dos outros, ou seja, gratidão por ter uma coisa a menos para pensar no que diz respeito a sobrevivência de todos. Quando presenciado o ato, existe a gratidão em sua forma mais superficial e convencional em relação a quem observa; e há prestígio do praticante, este também supérfluo. Aqui temos o retorno social... uma das possibilidades.
A possibilidade do retorno material é mais incomum, mas não improvável. Ela pode ser consequência do social ou pode partir dos beneficiados pela ação como forma de agradecimento, sendo indefinível a pureza disso ao meu ver. Ela geralmente ocorre com uma sequência contingencial favorável àquelas pessoas que foram beneficiadas, adquirindo assim poder material suficiente para realizar isso. Dadas as condições, se torna substancialmente mais rara que as outras duas, portanto e menos evidente e obviamente não visada pelo "altruísta".
A terceira e últimas grande possibilidade é a mais comum e psíquica, e também a que mais pega os "bondosos" do planeta. É aquela que não pressupõe ninguém assistindo, mas que tem influência psíquica suficiente para satisfazer a pessoa; talvez até mais que as outras duas. Esta parte do erro da sua própria visão de si mesmo, distorcendo seu EU em algo bom para o mundo e essencial, sendo assim, esta está repleta de orgulho, enquanto as outras duas são meras ações vaidosas em busca do prêmio posterior.
Dadas as duas possíveis manifestações de altruísmo, sendo ou não presenciado, temos que superficialmente atinge a definição já que é uma ação voltada ao outro, mas que foge dela quando se passa para esses três planos de análise. Tendo estes manifestações de orgulho e vaidade, vão de desencontro com a humildade, logo não são possíveis de serem relacionados. Aqui está a armadilha que nos impede de atingirmos este patamar de pureza, e daqui também parte o egoísmo mascarado nessas ações.
  Se existe algum altruísmo que atinja ou atingiu a sua pureza maior? Olha... Acredito que no caso de Jesus talvez tenha sido assim. Se partirmos do pressuposto de que era uma divindade e que não precisaria de nenhuma dessas formas de retribuição já que era dono do universo, aí temos algo mais limpo dessas ocorrências.  Do contrário, duvido que em algum momento alguém fugiu de todos os 3 tipos em sua totalidade, já que em algum grau sofre destas manifestações.
  Neste ponto, a humildade é essencial e me parece mais interessante para fugir em partes disso. Mas a humildade nunca estará ligada ao altruísmo puro, mas a percepção de que não conseguirá escapar da sua própria condição e de que quaisquer que sejam seus atos, eles não te fazem necessariamente alguém melhor. A humildade está ligada a aceitação de que nunca seremos realmente altruístas e também não haverá um dia que seremos essenciais para humanidade, ou seja, não somos nunca bons como achamos que somos, não importa quanta caridade você faça para mudar isso.

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