Ideias sobre amor e paixão

  Tenho estudado dezenas de páginas que variam de perspectivas acerca do amor e da paixão. Ambos são temas quentes na filosofia e recentemente têm sido fonte de estudos para embasamentos científicos e ''mais concretos'' que a mera observação e análise feita pelos pensadores até então. Se acho possível trazer a ciência como suporte? Não tenho a menor dúvida, embora fique evidente que a negação da filosofia e da literatura( que provém de muitos cientistas meramente focados na lógica) traz revelações de que até o brilhantismo pode ser estúpido.
  Afinal, tudo o que mundo mostra para nós é mera especulação no minuto seguinte e seria compreensível tentar observar o que se expõe como sendo uma lei natural e universal, evento imutável se satisfeito certas condições previamente estipuladas. Ora, mas o que essa pauta tem a ver com a paixão e amor? Afirmaria que por trás de todo acontecimento há ciência envolvida, quer seja  ela ja conhecida ou não. Embora alguns céticos da quântica possam afirmar que as partículas se comportam diferente quando estão ou não sendo analisadas, sinto que talvez esse apontamento não tenha tanta pertinência para o texto que segue, já que nos envolveríamos em debates que fogem do objetivo.
  Primeiramente diria que não tenho a prepotência de definir qualquer um desses sentimentos, já que esta missão pertence aos poetas e estes mal o conseguiram em milênios de pensamento. Jamais conheceria este sentimento tão bem como Homero que escreve lindamente a Odisseia e desenvolve a ideia de um amor que perdurou por uma guerra e vários anos, ou como Shakespeare quando escreve uma de suas obras máximas: Romeu e Julieta, ou como Goethe que cria uma das histórias mais impactantes do século XVIII que traduz a força avassaladora que o amor pode ter com o livro do jovem Werther que descreve em detalhes a progressão da sua angústia diante de tudo após se apaixonar por uma garota de uma pequena cidade na Alemanha, ou talvez como Drummond que em vários poemas traz a temática do amor e observações geniais que fazem com que este seja um dos temas de maior força e importância em sua obra. Se o meu leitor procura por textos assim, recomendo que nem continue a leitura pois evidentemente o decepcionaria; se também busca por referências, até posso dar algumas, mas não sou a pessoa mais experiente e que já leu, então poderia facilmente sair na rua neste instante e encontrar indicações muito melhores que as que posso dar; mas se busca a reflexão sobre temas que proponho por aqui e está disposto a aprofundar comigo em uma caminhada conjunta ao conhecimento, então proporia que comecemos deste ponto.
  O texto é sobre o amor e paixão, então o que devo falar sobre?
  Sinceramente eu não faço a mínima ideia do que escrever e digito conforme as ideias vão vindo à minha cabeça. Como não existe nada que não posso pensar sem ter tido alguma experiência, sinto que devo apresentar meu ponto de vista...
  Paixão... Todos nós em algum momento vivemos ela; seja na escola, no trabalho, no curso, na vizinhança... ; e neste momento nos tornamos dependentes do outro, resultado de sua vontade. Quem nunca aceitou um convite para ir em um lugar, por mais patético que seja, por causa da presença de outra pessoa, por talvez ter a oportunidade de por mais uma vez conversar com ela e dar algumas risadas juntos? Quem nunca após isso descobriu o desinteresse do outro em relação a você e depois se desmontou como um quebra cabeças que acaba de ser bagunçado e precisa ser novamente que suas peças sejam colocadas no lugar? É esta a sensação que senti ao ler Os sofrimentos do jovem Werther, obra impressionante que traduz tão belamente a magnitude do afeto que a paixão pode nos proporcionar. A obra tem seu ápice no suicídio do jovem com um tiro na cabeça após não conseguir processar tanto sentimento por algo impossível, a jovem Charlotte. Quer melhor aproximação que esta da paixão? Perdemos a lógica totalmente quando estamos apaixonados e então tudo parece que se volta para a pessoa, como se ela fosse o centro da vida e que sem isso nada faz mais sentido e, em extremos, a vida se torna vazia ao ponto de não ser mais essencial.
  Imagine a tormenta que um ser humano deve estar passando para chegar tão longe? Acho que todos podemos pensar nisso porque em algum grau passamos por isso em nossas vidas, por menos experiente que a pessoa seja. Alguns evidentemente passam por isso com maior frequência e intensidade do que outros, mas isso varia de cada pessoa. Geralmente as pessoas não tendem a ficar em nenhum equilíbrio neste aspecto e reprimem totalmente a paixão, tornando obssessivas e neuróticas( potenciais cientistas da negação, já que supervalorizam a razão); ou se tornam deprimidas diante de tantas decepções por não conseguirem controlar seus próprios impulsos e emocional. Passam a vida geralmente frustrados e mudando sua atenção após cada atropelo da pessoa anterior, após cada rejeição que o mundo dá. Ambas me parecem maneiras pouco interessantes de viver, já que são muitos inconstantes e que não se deve esperar muitas coisas boas vindas do mundo já que ele em si é meio caótico porque o ser humano é confuso e tem sua natureza como principal fonte de conturbação.
  Agora, qual seria a diferença da paixão para o amor?
  Também não faço ideia, mas apresentei um texto que talvez nos dê uma direção nesta diferenciação. Homero, ao escrever a Odisseia, propõe além de uma das mais fantásticas obras da literatura, uma reflexão focada no amor de Penélope por seu marido Ulisses, que após 20 anos na guerra, ainda o espera e faz de tudo para manter seu laço com ele mesmo com muitos homens almejando a sua mão. Aqui, temos uma das características mais notáveis do amor, como sendo algo que não acaba tão facilmente com o tempo já que não necessita de atenção constante do outro, embora ainda deseje. É claro que para quem nunca viveu o amor romântico, seria difícil pensar em algo assim, mas todos vivemos em algum grau com nossas famílias e amigos, aqueles a quem devemos nossa formação como seres humanos e a quem confiamos nossos segredos mais profundos. Já perceberam que algumas pessoas mesmo após anos sem termos contato, ainda mantemos aquele sentimento bom e consideração? É como se isso transcendesse o plano temporal e fosse dificilmente desgastado por ele. O amor então me parece algo que pode sim acabar, mas como resultado de uma série de acontecimentos que beneficiem isso. Não acho que existe amor eterno nem nada do tipo, a menos que conte o amor entre pais e filhos que já são manifestações intrínsecas do nosso mais profundo EU.
 Amor a primeira vista?
Não acredito muito nisso, já que só podemos amar de fato quando nos ligamos à pessoa em um grau mais íntimo... Acredito em ligações mais ou menos facilitadas, identificações mais fáceis com alguns seres humanos do que com outros. Isso é algo da alma? Não faço ideia... Talvez seja, talvez não... O que importa é que tenhamos nossas próprias vontades de vida, sejam elas compatíveis ou não com o que a literatura e filosofia dizem, sejam elas cientificamente ou não aceitas e comprovadas, sejam elas de concordância do outro ou não. Há ainda pelo que lutar no mundo, pessoas a quem podemos nos dedicar a fazer felizes e projetos que valem a pena serem feitos e tomados com maior rigor. Não me importa se vai fazer pesquisa ou se vai escrever sonetos de amor à espera que daqui 400 anos os outros te estudem como sendo alguém tão brilhante quanto Camões, o que importa é a a mera reflexão e amor que podemos ter as coisas boas da vida, mesmo que todo o resto não valha tanto a pena.

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