A relação entre egoísmo e orgulho (parte 1)



Primeiramente um adendo aos meus leitores... tento sempre postar aqui um texto por semana e se passaram já duas semanas desde o último texto, então tenho que me desculpar pela inconstância de publicações. Estive um pouco ocupado com outros estudos e acontecimentos e infelizmente não pude escrever durante este tempo que passei mais ausente (não esqueci, apenas não tive um momento oportuno). Por mais que alguns de vocês apreciem ler meus textos, não julgo que são estritamente necessários para refletirem sobre determinado tema ou ainda ter boas referências (não é como se eu tivesse lido todos os livros existentes do assunto ou que minha opinião fosse algo comparável a algumas literaturas geniais que temos por ai).
Hoje, pretendo trazer uma outra reflexão a pedido de um leitor e arriscar mostrar se existe ou não relação entre egoísmo e orgulho. Já antecipando o próximo texto, será sobre a possível relação entre humildade e altruísmo. Então, sem mais delongas, vamos analisar a proposta.
Inicialmente trarei a origem etimológica de EGO-ÍSMO, onde a primeira remete a EU e a segunda parte a palavra grega ISMÓS que forma nomes de ação. Ou seja, egoísmo é um substantivo denotando uma ação relacionada ao EU. Então, qualquer que seja o ato voltado para si, é uma possível manifestação por definição de egoísmo. Logo, orgulho como sendo uma exaltação de si mesmo acrescida de uma visão pessoal própria utópica e nivelada em outros patamares daquilo que seria a realidade, temos da definição aplicada como uma característica do conjunto maior que é o egoísmo.
A invariabilidade dos conceitos se perpetua ainda que a observação tome outro rumo, já que o inverso pode ser visto como potencial de aprendizagem das características dos maiores conjuntos ao passo que se interpreta os menores. O orgulho tal como característica evidente da manifestação do complexo de superioridade residual (em casos extremos podemos ter outras psicopatologias como complexo de Deus, síndrome da megalomania (na maior parte de seus subtipos) ...) evidencia-se com certa elevação pessoal do seu valor em detrimento de uma consciência mais limpa de vícios diante da importância dos outros.
A este ponto, caímos em uma interessante ideia de que há no egoísmo o grupo menor que é o orgulho e que traz a sensação de ser alguém mais importante do que os outros a sua volta, isto devido ao fato de se vangloriar pelos seus feitos e aumentar o valor deles substancialmente para se sobressair. A pergunta me parece assim respondida dada que um é um aspecto menor do outro e que, portanto qualquer orgulho é por definição egoísmo, embora nem sempre o contrário seja verdadeiro. Me parece que trazer um questionamento que vem adiante é mais relevante do que gastar muitas linhas com isso, embora seja trabalhoso e difícil aprofundar nesses conceitos com suficiência.
Será que somos livre de egoísmo e de orgulho? Olha... do orgulho acho que podemos fugir em certa medida, mas do egoísmo eu não acho que seja possível em nenhum momento da vida. Somos egoístas a todo momento já que o ponto de partida para qualquer ação está em nós mesmos e que até o seu oposto me parece carregar resquícios. Do altruísmo parte certa manifestação de egoísmo surgida pela própria necessidade de se doar ao outro como forma de satisfazer essa sede que enlouquece a sua alma naquele instante.
Temos então que tudo em nós tem seu egoísmo envolvido possível de observação quando se deixa de romantizar ações por mais que em grande parte sejam quase puras. Logo, o egoísmo como sendo presente em toda a nossa existência sem abstenção alguma, se trata de um conjunto muito amplo e abrangente de outros subconjuntos essencialmente intrínsecos a ele que podem se manifestar em diferentes níveis ao decorrer da vida.  Há aqui uma aporia, me parece, escondida pela definição do egoísmo tanto do dicionário como a que fiz aqui ou como as que se lê por aí em livros. Ela está na dimensão conceitual que envolve a alma e que com sua complexidade assombrosa, nos retira a possibilidade de entendermos com menos superficialidade tão abrangente grupo que é o egoísmo, devido suas inúmeras ‘’virtudes e vícios’’ que o compõem. O direcionamento que aqui posso dar é a sugestão para os escritos de Nietzsche, de Freud e de toda a psicologia moderna para que se abram os horizontes do processo psíquico da grande parte das manifestações psicológicas; e do estudo nietzschiano que em minha opinião foi o mais profundo e maduro da humanidade (pelo que conheço) depois de Cristo evidentemente.
A pretensão do texto foi atingida e consegui argumentar que o orgulho é parte da essência do egoísmo e que isso demonstra a relação feita na pergunta. Aprofundei dizendo que tudo em nós tem vestígio de egoísmo e que portanto faz parte de um grupo muito maior que toma nossa alma, e que assim, seria impossível ir além de uma definição mais ou menos certeira e com grande mediocridade vistas as proporções da ideia. Cumpri minha função, então o problema é do leitor caso queira algo melhor... nasça um gênio imensurável e tente aprofundar mais do que Nietzsche fez em suas proporções humanas. Só lhe desejo boa sorte...

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