Maturidade e angústia vs Infantilidade e prazer: uma abordagem sobre drogas
Hoje, não vou trazer apenas uma abstração como das últimas
vezes que escrevi...temas como verdade, liberdade, amor, paixão, etc. Hoje,
tenho uma proposta mais sociológica que filosófica, embora as duas andem lado a
lado e até mesmo conceitos mais específicos da filosofia tenham influência na
sociedade tal como ela é e como é estudada pelos sociólogos. Minhas referências
se compõem de meu limitado conhecimento de mundo e as poucas leituras que fiz, então
mais uma vez não proponho nenhuma resposta, mas um limitado apontamento do
problema das drogas e álcool que temos vivenciado nesses últimos anos. Em especial,
trarei aqui o enfoque para a juventude, que me parece ser o que mais se tem
repercutido.
Me parece que
existem duas formas de se analisar isso, ao menos mais superficialmente: do
ponto de vista interno e externo. Analisando a parte interna do ser humano, me
parece que a filosofia e literatura bastam a explicar o que pode causar, então acho
que podemos começar por aí.
Um dos maiores clichês
da literatura, não necessariamente com efeito negativo que digo já que tivemos
tão brilhantes abordagens, é trazer a ideia de vazio no homem. Conhecidíssimas são
as maneiras de escrever sobre isso e trazer um tema subjacente, como o amor
sendo tratado como algo necessário para uma vida com algum sentido, ou como a religião
sendo o preenchimento deste espaço que falta ser completado, entre tantas
outras. Daqui, irradiam-se as ideias para um campo que eu levaria anos para
explorar com vocês com alguma decência, então vou passar por cima e talvez ainda
traga um tema ou outro possível de ser relacionado, mas não me focarei nessa
investigação diretamente.
Essa ideia de vazio
como única forma de enchimento sendo Deus é trazido por Pascal em sua única
obra filosófica, Pensamentos. Ele diz que Deus é única maneira de acabarmos com
a sensação de que falta algo e que quem não o segue nem tenta se preencher
assim, o faz com os divertimentos que criamos para superar esse fardo. Assim sendo,
existe realmente alguma sensação de que não estamos completos e de que nos
sentimos somente ao adotar Deus como algo importante em nossas vidas. Este
vazio e sensação de que algo maior te pertence e que não está com você, foi
analisado pelo Freud também ao se corresponder com um amigo seu sobre religião.
Freud diz que como
inicialmente temos a noção de que o nosso ego é todo o universo e que quando
passamos pelo complexo de Narciso temos início a uma delimitação de nós mesmos
e que passamos também a sofrer restringências do Superego em relação às pulsões
do Id, somos assim minguados em uma forma muito menor do que psiquicamente éramos,
e então surge essa sensação de vazio e de pertencimento a algo maior, mas
evidentemente se essa diminuição for realizada de maneira falha(como acontece
na maioria das vezes segundo ele, e que posteriormente criam-se narcisistas e altruístas).
Logo, este espaço
interno carecendo de algo me parece um dos fatores que os levam a buscar esses
tipos de divertimentos, sendo pascaliano aqui, já que além de os fazerem
esquecer por certo tempo do problema existencial que têm, os traz um prazer que
bioquimicamente é abundante e que dá uma breve sensação de felicidade.
Filosoficamente, me estendo até aqui e se meu leitor quiser mais, a iniciativa
é dele em buscar afundo conhecimento...não é minha função nem intenção.
Indo agora para a
segunda perspectiva de análise, do exterior. Temos dois pensamentos iniciais
opostos do que causam esse efeito externo: a de que o interno grupal gerou o
externo nos outros indivíduos, ou de que este gera esta sensação interna em
cada um de nós. O último, por questão lógica é descartado já que não tendo o
interno não haveriam motivos para manifestarmos a busca por tais divertimentos;
sendo assim, nos cabe analisar como uma extensão psíquico-social da manifestação
interna.
Então, se trata de
um mecanismo de fuga socialmente criado para suprir a necessidade de escaparmos
da frustração contínua que é a vida. Acresce ainda que na sociedade capitalista
que vivemos, foram criados não só para realizarem a sua função mas também ir
viciando aqueles que consomem, assim como todos os produtos que são criados.
O enfoque dos jovens
cabe aqui, já que nunca vivemos uma época de tanta informação, propaganda...
aqui temos um contraponto interessante, já que o excesso tem se mostrado
causador de inúmeras psicopatologias e que tem angustiado e amedrontado, como
nunca antes visto na humanidade me parece, todas essas novas gerações. Por
outro lado, mesmo com essa ocorrência de vazio e de uma série de frustrações,
nunca se teve tanto conhecimento sobre os malefícios dessas atividades. Por
isso me interessa trazer o debate para os jovens, já que são os que mais tem a tendência
de irem para este mundo, e que são os que mais tem acesso às consequências.
Aqui, ainda que não tenha
uma leitura sociológica tão profunda, arriscaria dizer que nesta balança as
tormentas são maiores que tudo, e por se tratar de uma geração ingênua e
despreparada com a vida, optam assim pela fuga em detrimento de sua saúde, já que
viver mal não parece algo melhor. Vale frisar que a infantilidade que se vê
é em partes proveniente dos próprios pais que com acesso a melhores condições de
vida, manifestam o amor que sentem pelos filhos tentando mantê-los longe da
frustração que até antes era inevitável já que as condições ainda não favoreciam
esta proteção.
Cabe o questionamento... será que no barril que é a vida, vale a pena o encher com besteiras que
facilitam o trabalho ou com certa maturidade conquistada com muitas decepções? Seja
o que escolher, a vida é sua e é livre... contanto que não me encha o saco...
TEXTO ENVIADO A MIM. AUTORIA DE GABRIEL HENRIQUE BRESSANIN
ResponderExcluirAtração Fatal
Você está perdido, mau resolvido consigo
Encontra uma amiga, é fria? Não é quente, empoderado como presidente
Não estou mais sozinho, encontrei um abrigo, iludido pelo próprio amigo
Não vou voltar atrás, nada vai ser como antes, daqui pra frente, vai ser diferente
Nunca me senti tão bem, tudo o que eu sempre quis
Quero algo que me destaque, não é chocolate, mas peço bis
Mas tudo tem um motivo, uma razão, acima de tudo um glamour
A nova geração valoriza mais a droga que a própria Old School, corpo imóvel, mas a mente faz um tour
Tudo é tão positivo com ela, você se livra da solidão
Não é doce, quem dera fosse, mas você deseja aquela sensação
Você a julga inofensiva, mas ela se torna a saída ativa e possessiva
Torna-se a companhia da rotina e a sua vida vira um erro suicída
Com o tempo se torna escasso, sente o embaraço, como se tivesse tropeçado no cadarço
Mas mesmo assim parece não entender, troca seu LCD por um LSD
Vende prata e Malbeck pra conseguir um beck, pra fumar enrola até talão de cheque, começa a faltar plata, perfume agora é só em lata
Te prometeram dinheiro e fama, mas a chama que te chama te arrasta pra lama
Tudo virou um ciclo, mas nada virou, vacilou e rodou
Ainda me lembro bem daquela quinta feira, parecia inofensiva, mas te dominou
Perdido de si, mas acompanhado por um grupo, perdeu tudo, mas tá todo mundo junto
Tentando subir e fugir de um poço fundo