A importância do conhecimento e relação com a amizade
Estive pensado sobre o propósito disso tudo e decidi ir até a essência
da importância do conhecimento, ou ao menos tentar. Seria de uma prepotência
tremenda tentar expor aqui tudo o que é relevante, embora eu consiga em
algum grau trazer o que há de mais importante nos pontos que levanto nos meus
textos. Mas, o que há de importante no conhecimento? Primeiramente eu diria que
tudo, já que jamais conseguiríamos reger nossas vidas da mesma maneira sem
conhecimento, seja ele de uma área mais restrita ou não, seja ele mais erudito
ou não. Então, acho que antes de nos propormos a este pensamento, devemos
definir o que é o conhecimento.
Conhecimento é nada mais que o resultado da razão. Existem várias
formas de conhecimento das quais podemos o conhecimento empírico, filosófico,
intelectual, popular, etc. Poderíamos aqui nos estendermos em estudos sobre a
Antropologia ainda do período Pliocênico (momento que segundo a literatura
histórica, surge o primeiro ancestral comum dos hominídeos) e tentarmos ir além
para desenvolver uma ideia mais certeira da questão, e chegaríamos à conclusão
de que a base é essencialmente empírica.
Parece óbvio de se dizer isso,
mas o que nos diferenciou e nos fez sobreviver foi a tentativa e erro, o método
da experiência. É assim que surgem os outros conhecimentos, com o
estabelecimento de padrões naturais que ocorrem e que podem ou não serem
previstos sobre certas circunstâncias pré-estabelecidas. Até a Grécia Antiga
era muito raro a valorização da razão, mas não significa que ela não estava
presente, já que qualquer um naquela época tinha certos conhecimentos que só
existiam devido ao uso da mesma em eventos que aconteciam. Nasce então uma
época de pensadores brilhantes que se dispuseram a observar o mundo e tentar
entender o que se passava... Me refiro aos Sofistas, pré-socráticos,
Sócrates...
Neste momento, apenas há uma diferenciação dos tipos de conhecimento,
que passam a ter um caráter mais elevado. A partir disso, surge a filosofia e
ciência, notadamente mais restritas àqueles que focavam em uma vida voltada ao
uso da inteligência. Após todo o processo, as descobertas se intensificaram e
passamos a usar essa característica não mais para sobreviver, mas para vivermos
cada vez mais confortavelmente e feliz(ou nem tanto assim...). Vivemos em uma
época de embasamento total na racionalidade para que assim sustentemos o estilo
de vida que temos, qualquer que seja a área de atuação, ela está voltada em
certo grau a isso. Assim como um pedreiro constrói uma morada para que tenha-se
um lugar fixo e confortável para estar, o engenheiro prepara juntamente uma
série de estudos para que ela tenha eletricidade e segurança para se usufruir
dos equipamentos tecnológicos que são criados pelos cientistas e técnicos da tecnologia,
fabricados por trabalhadores braçais com máquinas desenvolvidas por físicos,
matemáticos...
Quando entramos nessa dimensão de
pensamento, nos damos conta do quanto regemos nossas atuações para apenas
manter nossa sociedade razoavelmente estável. Até mesmo os poetas e escritores,
racionais da alma que escrevem para trazerem o que os outros não conseguem pensar
ou simplesmente não tem o devido tempo para isso. Escrevem para mostrar um
pouco da vida aos leitores, para trazer conhecimento da alma...
Se estes conhecimentos nos
tornam felizes? Acho que não... Inclusive, acho que quanto mais conhecimento se
adquire, maior a tendência à angústia diante de tudo, já que se tem assim,
olhos mais abertos e uma consciência mais ampla da futilidade na qual estamos
imersos.
Não é raro encontrar
intelectuais atormentados pelo seu dote de perceber o que ocorre ao seu redor,
já que isso proporciona uma visão além da superficialidade, mostrando assim
como o mundo é avassalador e que temos que nos manter ora em brilhantismo ora
em estupidez para não sermos atropelados pelo universo. O brilhantismo intelectual
e a estupidez emocional diante dos atropelos, essa estupidez pode ser chamada
de otimismo dependendo do grau de entusiasmo do ser humano.
Então, o conhecimento é
importante em várias instâncias, já que não teríamos esse padrão luxuoso, avançado
e em partes mais equilibrado; ou que sequer existíramos já que somos
fisicamente incapazes de nos defender no mundo selvagem e que a única coisa que
temos a nosso favor é a astúcia; ou ainda que seriamos emocionalmente
atrofiados, não fossem os poetas e escritores que estudaram afundo a alma e o
que há de mais sublime nas questões existenciais, ou seja, seriamos animais
usando a razão para sobreviver e choramingando caso não conseguisse o alimento
do dia.
A ignorância, tratada por esse
ponto de vista, cria pessoas infantis e medíocres (temos aos montes, já que
vivemos em uma sociedade que possibilita a existência delas por ter um modelo eficiente
e grupal). Não insinuo qualquer exclusão ou prego discurso de ódio, do
contrário a raça humana acabaria de tão poucos que sobreviveriam à esta
seleção, se é que alguém passaria no “teste”. Ela tomada pelo ponto de vista
intelectual, não traz consequências maiores por não serem necessários tantos
intelectuais já que o trabalho intelectual é necessário em menor escala. O trabalho
braçal, por sua vez, é importante pois sem ele não há a produção do que foi
criado pelo cientista.
Logo, é necessário sim certo conhecimento
básico (educação básica) sobre algumas coisas que norteiam a vida, mas não é
estritamente essencial um conhecimento técnico muito aprofundado, sendo assim
um ensino mais especializado nos futuros atuantes (ensino superior).
Sobre conhecimento não intelectual,
acho que todos devem ter. Pessoas vazias espiritualmente e emocionalmente
atrofiadas enchem o saco com sua futilidade, principalmente daqueles que se dispõem
à estudos mais elevados da alma. Já ouviram falar que pessoas inteligentes
tendem a ser mais seletivas quanto aos seus amigos? Então... É justamente aqui
que está a nuance da questão, visto que elas tendem a apreender mais informações
do mundo e estão mais suscetíveis às informações que vêm até elas.
A amizade me parece então uma questão
relacionada, já que ela mostra muitos aspectos tanto da razão quanto da moral
da pessoa(esta última formada em grande parte pela experiência e maturidade
emocional), sem contar que a podemos definir como sendo uma extensão da família,
mas com a diferença de que neste caso há alguma escolha por parte da pessoa.
Já perceberam que aqueles
motoclubes seguem uma filosofia de proteção e ajuda mútua entre eles? Já perceberam
que aqueles amigos da escola parecem inseparáveis após resistirem a separação do
final do ciclo estudantil básico? Já perceberam aqueles grupos que se reúnem para
falar sobre um tema especifico e assim acabam criando suas identificações entre
si?
Me parece que estes são bons
exemplos do ponto mencionado, já que o interesse em uma área, a convivência e a
maturidade parecem se equipararem em uma proporção que causa a identificação com
o outro. Quem não está pronto a doar o sangue pelo outro, que nem entre nem na
fila para entrar no grupo dos que estão. Quem não tem coragem para se jogar
diante de uma bala para salvar um companheiro, que nem vá para a guerra! Que a consciência
fique leve por saber que está onde tem capacidade e maturidade para estar ou
que seja atropelado pela ansiedade e pelas circunstâncias.
Ser feliz requer certo
sofrimento, já que é assim que aprendemos e evoluímos. Somos gentis quando alguém
nos mostra isso, nos ama na infância e ensina que devemos propagar para os
outros, mesmo que nem sempre dê certo...
Há portanto muita admiração por
ideais a serem seguidos por certos grupos, já que representam uma forma
superior de vida que pode ser atingida por poucos dispostos a estudarem e
seguirem os princípios da filosofia. As amizades surgem então com o
estabelecimento das questões morais mais intrínsecas do ser humano, esta por
sua vez pode ser potencializada com o estudo da alma, ou vir através da
sabedoria que só se pode ser adquirida ao longo da vida, o que não deixa de ser
um pleonasmo por significar um estudo da alma, mesmo que se manifestando de
outra forma.
A amizade é a representação da
grandeza de cada um de nós, sendo uma das coisas que mais pode nos modificar também.
Logo, diria que além do estudo técnico básico, o conhecimento de questões da
vida e certa maturidade emocional; a amizade tem papel crucial na matança do
nosso tédio de sermos autossuficientes perante a natureza.
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