Natal e a a morte de Deus

  Este é um texto que escrevo com muita angústia, já que o presente me remete à um dos textos que li do filósofo alemão Friedrich Nietzsche.Me refiro a um aforismo específico do livro Gaia Ciência, o do homem louco. Não tenho qualquer intenção de explicar o que lá está escrito ou passar por ele aqui neste post, mas já vou me dirigir àqueles que leram e vou pressupor que entenderam o que ele quis dizer, já que a maioria dos que tentam lê-lo sequer passam do plano da palavra para assim chegar no semântico, e se este for o caso, melhor ir na primeira livraria e comprar um livro de alguém comentando a obra dele ou achar algo mais do seu agrado e compreensão, já que sabemos que ler obras deste porte e atingir o entendimento é uma tarefa para poucos.
  Antes de prosseguir, quero apenas enfatizar que nada me interessa as respostas infantis e ressentidas do politicamente correto senso comum de que todos são iguais perante tudo na vida, de que todos entenderiam autores tão densos e de que são capazes de fazê-lo em mesma profundidade a eficiência. Este discurso imbecil não é digno de atenção, já que é evidente que as pessoas são diferentes entre si, cada uma com suas virtudes e falhas, inclinações naturais e dificuldades. Logo, me parece bom pensar que os poucos com inclinação para isso são os que ultrapassam o limite entre uma leitura fútil e uma mais elevada de pensadores deste nível. É mera questão de aceitação, assim como aceito que não tenho qualquer talento para o futebol e que Cristiano Ronaldo me deixa muito para trás por ser muito melhor jogador e ter muito mais talento, e que mesmo que treine muito, jamais chegaria no mesmo patamar. Este é apenas um exemplo da manifestação da idiotice e infantilidade que está intrínseca no discurso exaustivamente repetido pela maioria que faz parte do grupo dos ressentidos que necessitam de terapia( inclusive posso fazer um post só recomendando bons psicólogos).
  Deixando claro o ponto mencionado no parágrafo acima, vamos ao texto. Primeiramente, o que me motivou a escrever sobre isso foi o Natal que se passou recentemente, que se caracterizou como um momento mais apático que o de costume. Talvez isso seja pelo atual cenário político que estamos vivendo e que está a poucos dias de uma mudança( mas não convém aqui falar sobre política. Talvez em um outro texto...), ou ainda podemos pensar numa tendência que estamos passando, a tendência de um povo cada vez mais conectado e com muito pouco exteriorizado fisicamente, sejam em sentimentos, pensamentos... O social na sua forma mais geral.É de fato uma análise interessante, mas para alguém que está constantemente em contato com esse meio, ficou claro que realmente houve certa desestimulação por parte da grande maioria com esta data que se passou.
 Por que isso aconteceu? Me parece que uma série de fatores influenciam em várias direções e a resultante foi o que o Nietzsche já falou no conto: Deus está morto! Aqui cabe uma questão que vai desmanchar a grande parte complexidade do aforismo, mas que é importante, que é não a crítica a Deus, mas às pessoas que seguem a religião, ou seja, os religiosos no geral. O Brasil é um dos países mais católicos do mundo, então por que tivemos um Natal tão pra baixo e sem Deus? Não me venha com tolices de que só porque você foi à igreja e rezou, estava realmente com Deus. Na verdade, será que até hoje na humanidade existiu alguém que esteve realmente com Deus após Cristo? Será que existe alguém que transcende/eu o plano de dogmas? Tenho minhas dúvidas se isso é possível para alguém, já que requer muitas virtudes e certa sabedoria. Essencialmente então, me parece que essa é uma das fontes dessa tristeza que plaina sobre o país, certa futilidade em estar nas igrejas e não tentar se aproximar realmente da figura que foi Cristo. Não cair no orgulho do discurso de quem vai para o Céu porque ninguém seria digno de entrar lá se Deus fosse mais rígido no julgamento. A benevolência divina aparece mais uma vez ao nos possibilitar esse acesso mesmo não merecendo nada além do Inferno e da eternidade lá.
  Portanto, existe sim uma manifestação de orgulho dentro da maior parte dos religiosos, por julgarem-se possuidores da verdade, existe vaidade também no ato aos que vão simplesmente para darem a entender de que são pessoas boas e certas, existe também aqueles que vão com o interesse na salvação e não por realmente olharem para si e aceitarem que necessitam honestamente de uma vida tentando ser mais como Jesus e que muito provavelmente falhará absurdamente e não terá sua redenção. Ao analisar desse ponto de vista, não acho que exista algum crente que fuja de tudo, e portanto, não passam de religiosos seguindo e propagando dogmas e vivendo de maneira miserável em busca do seu objetivo fora desta vida.
 Então, o que o aforismo critica é justamente a vida religiosa na sua superficialidade (se é que é possível fugir dela...) já que as pessoas não vivem realmente isso sem propósitos de salvação ou de se mostrar como alguém bom(sendo na verdade vaidoso somente). Me passou várias vezes pela cabeça de que parece o ponto inicial a ser esmiuçado como um evento inerente e que traz tantas outras questões secundárias de maneira indireta. ( É interessante notar que isso pode inclusive tentar explicar acontecimentos dos últimos meses e anos que viemos acompanhando). O Natal era para ser uma data de reflexão sobre si mesmo e desmascarar assim estas falsas personalidades que criamos para nos proteger da hostilidade dos que ainda estão aprisionados nas suas e de nossa própria moral, já que provavelmente veria que seria bem mais facilmente quebrada quando fugisse deste plano para outra menos leviano.
  No Natal, celebra-se o nascimento de Jesus, portanto, nada melhor que trazer pensamentos assim para escapar dessa insignificante fantasia coletiva. Por isso que não foi feliz nem tão proveitoso, pois ainda há uma enorme fissura entre a dimensão que vivemos e a dimensão divina, e ninguém a ultrapassou ou está tão perto assim para viver em algo ''em Deus'', sendo assim, não há Deus no Natal pois ainda não há em nós nada além de orgulho, vaidade, inveja, ressentimento e mediocridade.

Comentários

  1. Um bom texto para reflexão, não só para o advento natalino, mas também, para outras datas comemorativas. Interessante o paralelo com a obra de Friedrich Wilhelm Nietzsche que relata o comportamento humano como ninguém. Parece que já há na sua escrita um pouco de maturidade que molda o texto para o convencimento do leitor, com certeza, o tempo fará com que você melhore cada vez mais. Parabéns, você está no caminho certo. Escreva, escreva e escreva.

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    1. Só posso agradecer pelas palavras. Estes elogios animam muito para que possa continuar firme na escrita. Escreverei ao menos um texto por semana aqui trazendo um pouco das minhas reflexões e leituras. Fico grato pelo tempo que dedicou a ler e espero que ainda troquemos muitas palavras e versos amigo. Abraço!

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  2. TEXTO ENVIADO A MIM DE AUTORIA DE GABRIEL HENRIQUE BRESSANIN

    Falsos dogmas

    A sociedade é um cerco de lobos
    Não aceitam a sua escolha e sua opção
    Tô aqui pra falar de respeito e compaixão um com o outro
    Mas tá foda nessa comunidade cheia de ódio e ostentação
    Um dia no trem, vi um pastor, debaixo do braço uma bíblia
    Mas não estava pregando amor e sim ódio em cada sílaba
    Mais especificamente falava dos gays
    Qual foi? Que mal que um gay te fez?
    Você é preconceituoso e põe a culpa na televisão
    Como se ela fosse a culpada e só ensinasse coisa errada
    Talvez seja verdade, falta conteúdo e informação
    Mas a Rede Globo mostra oq convém pq tá comprada
    Quanto á questão da homossexualidade, é uma verdade
    Tem que ser mostrada na mídia e nas escolas
    Pra acabar com esse desrespeito e falsos dogmas
    Agora me diz: como um cara desses é bom sujeito?
    Pregando ódio, aposto que sempre rouba 10%
    Do dízimo ou da renda
    Se aproveitando da crença alheia
    As pessoas não devem achar que ser gay é algo errado
    Dar nomes, chamar de pecado
    Vamos nos respeitar, fazer o que é lógico
    Até porque Jesus nos disse para amar o próximo

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